Titulo:
As Recordações
Autor:
David Foenkinos
«No seu lugar, eu refugiar-me-ia numa recordação.” Sim, foi isso que ele disse
e, depois, acrescentou: “Iria para um lugar onde tivesse sido feliz. Na sua
idade, era certamente o que eu faria.» Quando a avó do narrador foge do lar
onde se encontra a viver, este sabe que não pode ficar de braços cruzados à
espera de ver as autoridades agirem. Mas que sabemos nós das recordações das
outras pessoas?... Em As Recordações, David Foenkinos oferece-nos uma reflexão
plena de sensibilidade sobre o tempo, a memória, a velhice, os conflitos de
gerações, o amor conjugal, o desejo de criar e a beleza do acaso.
Muitos são aqueles que vivem das lembranças, de momentos que, de uma maneira ou
de outra, os marcou e moldou a sua personalidade. Somos, na verdade, aquilo que vivemos!
Este
foi um livro que me surpreendeu bastante, pois estava à espera de uma história
um pouco diferente. Pensei que ia encontrar a viagem intensa de um neto que
procura a sua avó, mas a viagem realizada acabou por ser feita através de
recordações das várias personagens que vão aparecendo no livro, mesmo não sendo estas grandes intervenientes, nem tenham um papel de grande impacto na história. O livro aborda vários temas, sendo um deles um tema muito
importante e que muitas vezes acabamos por descurar, a velhice. Quantos de nós não tem um avô ou uma avó alojados num lar e que por uma razão ou outra apenas os
visitamos uma vez por ano? A vida é madrasta e é nestas pequenas coisas que
verificamos que vivemos para o dia-a-dia e que muitas vezes deixamos de lado
aquilo que realmente importa. Infelizmente, nem sempre podemos fazer aquilo que
realmente desejamos e isso inclui cuidar daqueles que nos deram a vida. O autor
pega nesse assunto com algum cuidado e dá-nos uma grande lição, ao mesmo tempo que
demonstra também o lado amargo e por vezes triste daqueles que têm de deixar os
seus pais ou avós num lar. E, por último, a fuga! Esta, apesar de estar por mim enumerada em último lugar, creio ser o principal tema do livro. Os diversos
tipos de fuga têm em nós reacções diferentes, tanto podemos fugir de alguém,
como podemos fugir de determinado lugar, mas quando fugimos de nós mesmos tudo
se torna demasiado complicado.
Este
livro é, por tudo isto, uma fonte de sentimentos que vão transbordando ao longo
das suas páginas. Apesar de toda a simplicidade com que é escrito, considero
que esta seja uma leitura que deve ser feita de forma cuidada, de maneira a que
o leitor possa ter oportunidade de meditar um pouco acerca do que vai
acontecendo na história. A não perder!
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