26/01/2013

[Entrevista]Á conversa com...L.J. Smith


Olá a todos!
Hoje trago-vos uma entrevista muito especial. Quem me conhece tem conhecimento que sou fanática pela serie “The Vampire Diaries” e que não perco um episodio e por isso devem calcular a minha excitação quando recebi uma resposta positiva da autora ao meu pedido de entrevista. Desde já quero agradecer-lhe a oportunidade, a autora mostrou-se sempre muito disponível e é muito simpática. Espero sinceramente que gostem e que deixem comentários com a vossa opinião. E agora fiquem então “Á conversa com…L.J. Smith”:


Lisa Jane Smith, cujas obras são uma combinação do género de terror, ficção científica, fantasia e romance, obteve o reconhecimento do público com a série Crónicas Vampíricas, cujo primeiro volume é Despertar. Publicado nos anos 90 e convertido numa referência da literatura juvenil de terror, retoma o clássico tema da luta entre Luz e Sombra, dos seus adorados C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien. Segundo palavras da autora, «queria escrever livros como os deles, onde o Bem enfrenta o Mal e vence. Queria ser Frodo, morto de medo em Mordor, consciente de que o Mal que enfrenta é muito maior e mais poderoso do que ele, e ainda assim é capaz de reunir a coragem necessária para tentar e chegar a ser um herói. Queria transmitir aos jovens que não devem renunciar à esperança.


1 – Muitas são as pessoas que a conhecem pelos seus livros “Diários de Vampiro”, o que nos pode contar acerca de si e da forma como passa os seus dias?

R: Gostaria que existissem, pelo menos nos EUA, pessoas que me conhecessem por outros livros que não fossem os da série “Diários de Vampiro”. Sempre quis ser escritora e desde criança que “escrevia” histórias e poemas na minha cabeça. Adorava fantasia e o primeiro livro que publiquei foi iniciado quando estava no liceu, terminei de o escrever no secundário e foi publicado quando me graduei. Como os meus pais não acreditavam que poderia viver da escrita, formei-me em Inglês e Psicologia e ainda fui para a universidade para me tornar professora de crianças com necessidades especiais. Os meus dois primeiros livros eram de fantasia pura (dois terços de uma trilogia que planeio acabar, “The Night Of The Solstice” e “Heart of Valor”), que tiveram óptimas críticas mas que não venderam muito bem. De qualquer forma, a minha trilogia seguinte, “Os Diários de Vampiro”, foi um bestseller imediato e depois de três anos de ensino tornei-me numa escritora a tempo inteiro.
Os meus dias? Bem, a escrita domina cada instante. Costumo acordar muitas vezes com o teclado a fazer de almofada e de seguida faço a minha rotina matinal. Tomo uma chávena de café ou chá, alimento o meu cão (um labrador amarelo de três anos chamado Victor) e mesmo antes de saltar para o chuveiro recomeço a escrever. O meu horário favorito para escrever é de manhã bem cedo: tenho a minha mente limpa e a minha autocensura está desligada. Escrevo e escrevo e, muitas vezes, quando dou por mim já passa do meio-dia! Então corro finalmente para o chuveiro e, caso saia para almoçar com amigos, visto qualquer coisa que se adeqúe ao tempo. Caso fique por casa, visto roupa confortável e vou passear com o Victor. Costumo muitas vezes passear sem rumo certo: vou às compras ao supermercado para comprar alimentos ou compro alguns objectos para a minha casa nova. Estou a meio de uma mudança, então ultimamente tenho reuniões com paisagistas, decoradores, empreiteiros, electricistas, etc. Quando volto finalmente para casa, trato de assuntos como a leitura de emails, assinatura de novos contractos, pagamento de contas, procuro notícias na internet e por aí adiante. Só então volto a sentar-me e tento escrever mais um pouco. Se a inspiração subitamente aparece consigo adiantar bastante trabalho, se isso não acontece aproveito o tempo para pesquisar para outros livros, conversar com amigos, escrever artigos, fazer concursos ou outros conteúdos para o meu website, muitas vezes, só pela diversão, acabo por ler um pouco.
Aproveito sempre as últimas horas antes do jantar para ligar ao meu pai, à minha irmã, a outro parente ou a algum amigo mais próximo. Os meus jantares são sempre muito informais, mas o Victor janta sempre às 6:30 em ponto. Tenho apenas uma televisão em casa e nunca vejo nada no momento – só algumas coisas especiais que gravei, ou filmes. Frequentemente, convido alguma amiga para me acompanhar durante os exercícios de ginástica, ao mesmo tempo que vemos algum filme. Fazer exercícios enquanto vemos o filme não impede de nos divertirmos bastante.
Finalmente, à noite, volto para o computador, tento escrever todas as ideias que tive durante algum “brainstorming” com amigos durante o dia. Depois respondo aos emails que tinha sinalizado antes e às vezes leio novos. Tento também adiantar o meu manuscrito actual e muitas vezes só paro quando acabo por adormecer com a cabeça em cima do teclado.

2 – Como e quando descobriu o seu gosto pela escrita?
R: Não o descobri, sempre soube que queria escrever livros. Quando era pequena pensava que quem me lia um livro também o tinha escrito. Durante os meus anos de escola escrevi vários poemas e historias e ainda comecei a escrever dois livros. O primeiro, “The Night of the Solstice” saiu para a aclamação da crítica quando eu ainda estava na universidade. O outro, ainda com nome temporário, “The Princess Wanderer”, nunca foi terminado, mas será nos próximos anos. Este passa-se num universo invertido de conto de fadas, e é a história de um amor proibido, dos perigos e benefícios de se abandonar o nosso país de origem.

3 – Foi difícil de escrever o seu primeiro livro?
R: Não. O que foi mais difícil, mas incrivelmente valioso, foi editá-lo. A minha editora queria cortar quase um terço da sua totalidade, embora tivesse escrito o livro para um público jovem-adulto (12 anos para cima), ela queria classificá-lo como um livro para pré-adolescentes (dos 8 aos 12 anos). Trabalhar a minha escrita ensinou-me a ser brutal comigo própria quando necessário e pegar nas minhas cenas favoritas, cortá-las ao meio, e a apagar cenas que marcavam um livro direccionado para leitores mais velhos. Ensinou-me também como disciplinar o meu estilo de escrita para que a maioria dos meus livros seguintes fossem descritos como “irresistíveis e impossíveis de largar”.

4 – Como costuma pesquisar para os seus livros?
R: Agora uso a internet, comparando com a forma como o costumava fazer, a internet torna tudo muito mais fácil. Para “Diários de Vampiro” li todos os livros de não-ficção que consegui encontrar, e li também “Drácula”. Lembrem-se que isto foi em 1990, antes de muitos dos meus leitores terem nascido. Li também livros não-ficção acerca de bruxas, feitiços e superstições como, por exemplo, o dumb suppers, um ritual pagão normalmente realizado durante o Samhain, ou leitura de folhas de chá, quiromancia, magia de amor e por aí adiante. Li acerca dos Druidas e das suas crenças para que a Bonnie pudesse ser uma especialista sobre o tema. Comprei também muitos livros de nomes para que nunca me faltassem nomes para uma nova personagem.
Hoje é tudo muito diferente. Costumo fazer pesquisa enquanto escrevo usando a Internet como a minha deusa do conhecimento. Costumo também contratar tradutores qualificados para me traduzirem alguns termos estrangeiros, e posso dar-me ao luxo de contratar um investigador para produzir “A Guide to Ireland” que se foca no tempo do julgamento das Bruxas de Salem para o meu próximo livro “Eternity”, e “A Guide to Norse Mythology” para outro livro que planeio escrever, que é a sequela de “The Forbidden Game”.

5 – Ao ler o seu site descobri que a seu personagem favorita era Damon, por isso peço desculpa pela pergunta lhe vou fazer. Porque é que sendo o Damon a sua personagem de eleição, escolheu fazer com que a Elena ficasse com o Stefan no final?
R: Eu só escrevi a série até ao sétimo livro, “Damon, o regresso: Meia-noite”, todos os outros foram escritos por outra pessoa depois de, inesperadamente, me terem retirado os direitos da série. O Damon foi uma personagem muito divertida de escrever, mas tive de seguir em frente e tenho escrito um novo tipo de livros, que tenho a maior honra em dizer que foi aceite pela Margaret Ferguson Books, da Farrar Strauss and Giroux. Neste momento, a minha personagem favorita é desse livro, “The Last Lullaby”, que é a melancólica cantora de músicas de embalar Briowy, filha de Branwen.

6 – Como se sentiu quando um escritor fantasma escreveu a série “Os diários de Stefan”?
R: Da mesma forma que me senti quando um escritor fantasma me retirou a série “Os Diários de Vampiro”. Muito triste e, ao mesmo tempo, agradecida para com os meus fãs que se mantiveram leais, e que me deram um imenso apoio. Neste momento, apenas sinto tranquilidade. Coloquei esses assuntos e outros episódios dolorosos para trás das costas e perdoei aqueles que me magoaram.

7 – Tem alguma mensagem especial para os seus leitores Portugueses?
R: Sim. Amo-vos a todos. Tenho imensos emails de leitores portugueses que escrevem num inglês excelente e só queria conseguir falar outra língua da mesma forma que eles o fazem! Muito obrigada por lerem os meus livros, por se interessarem pelo que faço diariamente e obrigada por lerem esta entrevista. Todo o meu amor e beijos para todos vós. Por favor, leiam também as minhas outras trilogias e séries “Nigh World”, “The Forbidden Game”, “Dark Visions” e o livro que irá sair brevemente “The Last Lullaby”.

8 – Tem algum conselho especial para todos aqueles que gostariam de ter uma carreira como autor?
R: Tenho! Não sei se poderão ir até ao meu website e traduzir o meu artigo “Ten Quickie Tips” para jovens escritores (em “Burning Fan Questions” na minha página web), mas o primeiro conselho que dou é escrever todos os dias. É uma boa ideia escrever todos os dias, à mesma hora – aprendem a criar uma rotina e descobrirão que as vossas ideias estarão prontas para fluir através dos vossos dedos para o computador, tentem fazê-lo durante um mês e verão que tenho razão. Muitas vezes isso acontece em apenas uma semana! Têm de escolher uma altura do dia que melhor se adapte às vossas necessidades, mesmo que isso signifique acordar meia hora mais cedo que o normal, e prometo que valerá a pena. Escrevam também acerca daquilo que conhecem, deixem a história fluir e quanto acabarem um capítulo ou até mesmo o conto, editem-no. Caso reescrevam a mesma frase três vezes e mesmo assim continuem a odiá-la, na quarta vez que tentam é porque a vossa autocensura está acordada e vos diz que são maus escritores. Nunca liguem a essa voz. Trabalhem bastante, façam um “brainstorm” com os vossos amigos se estão bloqueados numa ideia e continuem sempre a sonhar.

1 comentário:

  1. Ao ler esta entrevista é que me apercebi que nunca li nada desta autora :P

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