Hoje
é dia de entrevista internacional, esta semana temos uma autora muito conhecida
de todos nós, Eloisa James. Espero que gostem.
Autora
de treze romances premiados, Eloisa James é professora de Literatura Inglesa e
vive com a família em Nova Jérsia. Deve ter escrito todos os seus romances
enquanto dormia, porque ocupa os dias a tomar conta de dois filhos
especialistas em lamúrias, de um porquinho-da-índia muito exigente, de uma rã
malcheirosa e de uma casa em ruínas. E numa ironia deliciosa para uma escritora
de romances, é casada com um genuíno cavaleiro italiano.
Fonte:
wook.pt
1 – Em
que se baseia para construir as personagens dos seus livros e as historias?
R: O
herói e a heroína são a base de todas as minhas novelas – talvez, em especial,
a heroína. Gosto de criar mulheres de quem eu gostava de ser amiga. Não sou uma
pessoa submissa e não é uma característica que aprecio, por isso crio heroínas que
sejam fortes (apesar de terem historias complicadas, claro) e que tenham uma relação
próxima com outras mulheres, porque é nesse ambiente que vivo. As mulheres dão
uma grande importância à amizade e eu gosto de retractar isso mesmo
2 – Costuma
fazer alguma pesquisa sempre que inicia um livro ou comça simplesmente a
escrever?
R:
Eu não faço muita pesquisa, contratei uma assistente que me ajuda com essas
questões. Ela faz uma pesquisa de base e eu trabalho com a imaginação (é
completamente impossível tem um trabalho a tempo inteiro, ser escritora, ter
filhos pequenos e ainda fazer a minha própria pesquisa). Eu costumo começar a
sonhar acerca das personagens de um livro ou série muito antes de começar a
escrever. Pode passar um, dois ou mais anos antes de colocar tudo em papel.
Eles têm conversas sem sentido, um pouco de sexo, uma zanga. Eu não escrevo
logo, deixo as ideias a repousar, para as juntar e, depois de as clarificar estou
então pronta para começar a escrever.
3 –
O que pensou quando começou a escrever a serie “Fairy Tales”?
R: O
meu pai, o poeta Robert Bly, sempre foi fascinado pelos contos de fadas e
acabou por escrever o livro “Iron John” (reescreveu o conto com o mesmo nome),
então de certo modo acabou por se tornar um negócio de família. Não posso dizer
que a minha inspiração veio totalmente de “Iron John”, mas o facto é que
enquanto o meu pai estava a trabalhar nas suas ideias por detrás do livro costumava falar compulsivamente acerca dos contos de fadas. Ele adorava
desafiar os meus irmãos e a mim para explicar as histórias em termos culturais –
para as reescrever de uma forma relevante socialmente. Tornou-se assim mais fácil
dar um passo nesse sentido e reescrever as historias à minha maneira.
4 –
Sendo professora de literatura e escritora, como consegue aguentar ter duas
vidas diferentes? Tem algum episódio engraçado com algum aluno devido à sua
profissão?
R:
Durmo! De facto, às vezes penso que esse é o único segredo que posso contar:
durmo bastante durante a noite e faço algumas sestas. Acerca de como consigo
aguentar tudo…Descobri há algum tempo que não faz mal não se ser perfeito. Quando publico algo, posso dizer que foi o melhor que consegui escrever naquele
momento. Penso que desistir do perfeccionismo é a chave para conseguir fazer muita
coisa – e nessas coisas está inserido ser-se mãe, professora, dona de casa e
escritora.
Claro
que há dias que fico exausta pela pressão de ter duas carreiras e sinto que vou
dar em doida. É difícil, tenho de balançar a minha vida com muito cuidado –
especialmente porque tenho filhos, marido e até um cão para passear. Mas mesmo
assim, penso que estudar literatura e escrever ficção são actividades que andam
de mãos dadas. Sinto que sou alguém com muita sorte.
Em
relação a episódios com alunos, há sempre algum aluno da minha aula de
Shakespeare que pergunta, no primeiro dia “Será que tenho algum crédito extra
se escrever acerca do livro de Eloisa James “Much Ado About You?” e eu respondo
“Não, na sala de aula sou a Professora Bly”. Isso costuma colocar tudo na perspectiva
correcta.
5 –
Tem algum conselho para aqueles que querem seguir a carreira de autor?
R:
Permitam-se a escrever uma má história. Não deixem de escrever, o pior que um
autor pode fazer é desistir. Na minha opinião, ser-se escritor tem tudo a ver
com a revisão e é muito mais fácil de rever uma novela (porque sabemos para onde a
historia caminha) do que apenas uma página ou capitulo. Definitivamente não se
pode revisar páginas em branco – por isso fechem o vosso sentido autocritico e
continuem a escrever até a vossa história esteja terminada. Só então se
preocupem com a revisão de tudo.
Agradeço
à autora por se ter disponibilizado na realização desta entrevista e pela sua
simpatia.
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