Andreia Ferreira
Sinopse:
Depois de descobrir que o sobrenatural não representa um medo irracional e que
as criaturas caminham lado a lado com os humanos, Carla tem de enfrentar as
consequências do seu envolvimento com o Caael.
Os
demónios já deixaram marcas na vida da Ana e da Raquel e a Carla começa a
sentir algumas dificuldades em encontrar-se.
Entre
lacunas na memória, sentimentos e novas preocupações, surge uma existência
virada do avesso com a linha da vida mais ténue do que nunca.
Com
a ausência do Caael, assomam revelações que levantam um plano ancestral de uma
disputa entre iguais. A Carla vê-se num tabuleiro de xadrez, como um rei
isolado, com a rainha a jogar contra ela.
Opinião:
Muitas são as vezes que, talvez por preconceito, julgamos que o que é nacional
não merece a nossa atenção ou respeito. Nós portugueses temos por hábito
desprezar aquilo que é nosso, ridicularizar quem se esforça para cumprir os
seus objectivos de vida e depois acabamos por cair em nós ao vermos o fruto do
esforço daqueles que na verdade nos estão mais próximos. Não vou ser hipócrita,
eu já pertenci a esse pequeno grupo. Muitas vezes dei por mim a pegar em livros
de autores portugueses numa livraria e a voltar a coloca-los na prateleira com
aquele pensamento mesquinho “É português!”, mas esse foi um hábito que acabei
por deixar de lado desde que iniciei o blogue e fui transportada para um mundo
de escolhas literárias mais alargado. Aos poucos comecei a perceber que em
Portugal também havia talento, também havia quem soubesse escrever e soubesse também transportar-nos para o mundo da fantasia.
Pois
bem, era a este ponto que queria chegar. Tinham sido inúmeras as vezes que
tinha ouvido falar desta trilogia e confesso que quando saiu o primeiro volume
fiquei um pouco reticente para o ler. Entretanto saiu o segundo volume e algo
em mim pareceu despertar, não sei explicar a razão, talvez tenha sido a
sinopse, talvez a capa… A única coisa que sabia era que tinha de o ler. Claro
que como a curiosidade levou a melhor, acabei por conseguir ter em minha posse
o segundo livro. Sei que não devia ter começado a ler antes de ter conhecimento
da história inicial, mas não consegui aguardar e comecei a ler o livro há dois
dias atrás.
Apesar
do receio por não estar dentro da história assim que comecei a leitura fiquei
logo presa nos acontecimentos que se desenvolviam. O modo de escrita da Andreia
tem aquele toque mágico que nos prende a um livro e que apenas nos larga quando
chegamos ao final. Achei também incrível que, apesar de ser notória a fonte de
inspiração da autora, ela conseguiu transformar tudo num mundo novo e seguir as
suas próprias pisadas de uma forma simples e original. Claro que há coisas que
acabaram por me escapar, razão pela qual devia ter lido o primeiro volume, mas
mesmo assim consegui introduzir-me facilmente na história e perceber o que se
tinha passado. Dou desde já os parabéns à autora por ter conseguido tal proeza,
nem todos conseguem escrever um segundo livro de maneira a que o seu leitor
consiga entrar na história sem ler o primeiro.
As
personagens estão muito bem definidas, com um carácter muito próprio e assim
que as conhecemos acabamos por nos apaixonar por elas. Quanto ao ambiente em
que se desenrola a acção, algumas vezes está demasiado descritivo aumentando a impaciência
do leitor para saltar uma ou duas linhas para ler o que irá acontecer de
seguida, mas penso que isso não será grave, pois não será essa a razão pela
qual irá largar o livro.
Fiquei
bastante curiosa em relação ao Caael, apesar de ser um anjo caído e ter algo
nele que me deixa com vontade de o assassinar, há também algo que me faz pensar
que talvez ele esteja a mudar gradualmente. Adorei o Ricardo, aquele vampiro
sexy faz qualquer mulher pensar duas vezes e tive muita pena daquilo que
aconteceu à Raquel (apesar de pensar que era inevitável). Com aquela cena
final, fiquei na dúvida acerca da Marília e da identidade dela no mundo humano.
Algo não bate certo e a morte do Pequeno faz-me suspeitar… mas só me resta
aguardar pelo terceiro e ultimo volume da Trilogia Soberba, o qual não irei
perder com certeza.
Quero
dar os parabéns à editora por dar oportunidade aos nossos talentos nacionais e também
à Andreia Ferreira por ter conseguido escrever esta trilogia fantástica. Esta é
a prova que conseguimos rivalizar com autores internacionais que todos os dias
vêm os seus livros tornarem-se bestsellers.
Sem comentários:
Enviar um comentário