24/08/2012

[Entrevista]Á conversa com...Tara Moore


Há já um ou duas semanas que tinha esta entrevista guardada no meu computador, apenas esperava uma pequena surpresa que viria pelo correio, que iria apenas ajudar na ilustração da entrevista.

A maioria de vocês já leu o livro “Solsticio de Verão” publicado pela Quinta Essência e como sei que adoraram resolvi entrevistar a sua autora. Na segunda-feira, dia 20 de Agosto, foi o blogue Os Livros Nossos que publicou uma entrevista com ela, desta vez calhou ao nosso cantinho essa honra. Antes de iniciarmos a entrevista quero apenas dizer-vos que esta senhora é uma simpatia. Desde o início que se mostrou totalmente disponível para esta entrevista e acabamos por trocar vários emails, pois o filho dela tem uma doença muito parecida com a minha. É incrível como o mundo é pequeno. No final acabei por receber um livrinho autografado por ela, que ainda nem saiu no nosso país, estou ansiosa por o poder ler.
Em relação à pergunta sete, essa foi uma pergunta feita devido a uma má interpretação minha do livro, mas que acabou por me fazer perceber um pouco a personagem Priti.

Atenção, algumas respostas contêm spoilers do livro.
Mas agora não vou quero fazer esperar mais, espero que gostem da entrevista e continuem a seguir o blogue.


1 – Todos nós já ouvimos falar da incrível autora Tara Moore, mas o que nos pode contar acerca de si como pessoa?
R: Muito obrigada, Ana! Estou muito agradecida por poder participar no seu blogue e farei o meu melhor ao responder a todas as suas perguntas.
Em primeiro lugar, eu nasci na Irlanda, no seio de uma enorme família – seis crianças. Três rapazes e três raparigas. Eu nasci no meio e sempre fui uma sonhadora e também um pouco rebelde. O meu pai era um oficial militar e estávamos sempre a mudar de residência, chegamos mesmo a morar durante um tempo no Médio Oriente, primeiro na Síria, depois no Jordão (quando ainda está ocupado pelas tropas) e finalmente em Israel. Tive uma infância muito bonita, mas deixar para trás os amigos era sempre difícil, por isso passava muito tempo a sonhar acordada e a criar historias na minha cabeça. As personagens, na maioria, acabaram por se tornar nos meus amigos.


2 – Como e quando descobriu o seu gosto pela escrita?
R: Eu diria que fui primeiramente inspirada pela minha mãe, que era uma excelente contadora de histórias. Ela criava as histórias no momento e conseguida invocar todo o tipo de respostas de nós, do riso ao terror e a tudo o resto. O meu pai, também foi fundamental em formar o meu gosto pelas palavras. Ainda hoje, com 80 anos, ele consegue recitar passagens de Shakespeare e entreter-nos com música e poesia. Depois, quando aprendi a ler e descobri autores extraordinários como as Irmãs Bronte, Jane Austen, Streibeck e, mais recentemente, Maeve Binchy e Edna O’Brien, eu sabia que tinha de tentar e escrever também…ou morrer a tentar.




3- Como foi escrever o seu primeiro livro?
R: Na realidade, antes de RSVP (Solstício de Verão) ser publicado, já tinha publicado outros três livros por uma editora irlandesa. De fato, fico contente por dizer que irei lançar esses três livros para Kindle no futuro. O primeiro chama-se “Seducing Adam” e foi escrito pelo meu antigo nome, Tara Manning. É um romance contemporâneo e muito divertido. Na altura, foi escrito como uma forma de escapar de um casamento infeliz. Eu apenas tinha um velho computador para trabalhar, um trabalho em full-time e ainda tinha que criar dois filhos, um com uma condição medica muito grave – hemofilia. Nem sempre foi fácil, mas eu estava determinada a terminá-lo e quando recebi uma carta de um editor a oferecer-me um contrato para três livros fiquei absolutamente empolgada.


4 – Foi difícil de começar a publicar os seus manuscritos?
R: Tenho de admitir que fui abençoada. Era uma novata quando enviei o primeiro manuscrito (tinha apenas 40 000 palavras), mas ofereceram-me um contrato para três outros livros. Talvez alguém lá do céu pensou que eu merecia uma pausa. Eu sei por muitos outros amigos escritores, alguns publicados e outros ainda a tentar, que é incrivelmente difícil de conseguir fazê-lo. Dito isto, há centenas de livros de novos autores a serem publicados todos os anos, então é possível e aspirantes a escritores devem sentir-se encorajados por isso.


5 – Em que se baseia para construir as suas personagens e o ambiente em que as historias se desenrolam?
R: Eu sempre acredito que um personagem aparece na minha mente e se vai construindo a si próprio, assumindo maneiras e características que nunca visionei ou planeei para eles. Muitas vezes uma personagem menos importante decide que chegou a sua vez de tomar uma acção e tenho de arranjar maneira de a colocar de volta no seu lugar. A natureza da história determina a sua configuração. Era normal os escritores serem aconselhados a escrever sobre aquilo que eles conheciam, por isso a localização era muitas vezes limitada. Com o todo-poderoso Google, fomos libertados para escrever sobre aquilo de que gostamos, porque podemos pesquisar em todo o lado. Uma dica! Se quiser escrever sobre um sítio que nunca visitei (como o meu mais recente livro publicado, “Bue-Eyed Girl”) procuro muitas vezes por vídeo de turistas no Youtube, que são uma fonte real de informação. Claro que a Irlanda aparece muitas vezes na minha escrita, pois é a minha pátria e também um país muito bonito.


6 – Em RSVP (Solstício de Verão) encontramos personagens incríveis, com personalidades um pouco distorcidas, tais como os gémeos. Foi difícil cria-los?
R: Tal como respondi na pergunta anterior, Sapphire e Indigo escreveram-se praticamente a si próprios. Quando criei uma noção do livro, não tinha nenhuma ideia de que eles se iriam tornar em algo assim. Algumas pessoas perguntaram se seria uma boa ideia inclui-los dessa forma, mas eu dei-lhes rédea longa o suficiente para que pudessem crescer à vontade. O resultado foi inesquecível. Alguns leitores acharam-nos detestáveis, mas um número surpreendente disse que eles eram os seus personagens favoritos. Eu gosto de pensar que, apesar das suas falhas a culpa não era toda deles, pois as suas façanhas apenas se deviam aos problemas mentais herdados da mãe. E eles tinham um senso de humor bastante atrevido.


7 – No final do livro houve algo que me surpreendeu bastante, foi saber que Priti era hermafrodita. Isso foi algo planeado no início ou simplesmente aconteceu à medida que ia escrevendo?
R: Não! Tenho que admitir que não tinha isso planeado, simplesmente aconteceu. Contudo, Priti não era hermafrodita, era uma “senhora-rapaz”, ou seja uma pré-transexual. Em outras palavras, elas ainda não tinha feito uma operação completa para remover os órgãos sexuais masculinos.


8 – Alguns leitores, tal como eu própria, ao ler Solstício de Verão sentirão uma vontade incrível, quase compulsiva de ler o livro até ao fim. Porque acha que isso aconteceu?
R: Fico muito feliz por saber isso. Eu gostaria de dizer que isso aconteceu porque ficaram imersos na história e precisavam de ler tudo até ao final. É sempre bom, para um escritor, saber que a sua obra conseguiu dominar toda a imaginação dos seus leitores. Esa é, apesar de tudo, a nossa missão – entreter.


9 - Costuma fazer alguma pesquisa antes de começar um livro novo ou simplesmente começa a escrever?
R: Isso depende inteiramente da natureza do livro. O livro que estou agora a escrever, “Satan’s Wife”, é um livro que se passa no séc. XVII, (passasse em torno de um assassinato macabro), baseado em pessoas reais. Então, nesse caso tenho feito uma grande pesquisa em torno disso. Contudo, escrever um livro histórico é um novo ponto de partida para mim e um grande desafio. Estou a adorar. Tenho também um livro dentro do mesmo género de Solstício de Verão e Bue-Eyed Girl planeado, chamado “Botticelli’s Angel”, um thriller/romance que irá passar-se em Itália e Irlanda. Irei mantê-los informados do progresso de ambos e, espero que os meus queridos leitores portugueses tenham hipótese de os ler também.


10 – O que acha da capa portuguesa de “Solstício de Verão”?
R: Muito honestamente, adorei-a É sem sombra de dúvida a minha favorita. Acho que a minha editora portuguesa me encheu de orgulho.


11 – Tem alguma mensagem especial para os seus leitores portugueses?
R: Estou tão excitada pelo meu livro ter sido publicado em Portugal. É um país que sempre quis visitar e conhecer, tal como na Irlanda, as pessoas são muito calorosas e hospitaleiras. Espero sinceramente que gostem da minha escrita. Faz-me sentir orgulhosa que estão a ler e, esperançosamente, a gostar do meu trabalho


12 – Tem alguns conselhos para aqueles que gostariam de seguir uma carreira como autor?
R: Sim! Primeiro, leiam bastante. Apliquem o vosso trabalho com a prática e prestem atenção aos detalhes. A gramática e ortografia são importantes, pois um manuscrito desleixado tem menos hipóteses de ser levado a sério. Um escritor é um profissional, por isso têm de ser profissionais desde o início. Sejam também verdadeiros para com a vossa voz interior, é ela que vos conta a história. Tenham o cuidado de não pesquisar em muitos sites de aprendizagem ou crítica, porque no final podem acabar confusos e desmotivados. Lembrem-se, todos têm uma opinião, mas nem todas as opiniões devem ser valorizadas. O tempo passado a falar com o livro é tempo desperdiçado em que deviam estar a escrevê-lo. Não percam muito tempo com o mesmo paragrafo a editar e a redefinir. Escrevam tudo até ao fim e só depois voltem ao início para rever o vosso trabalho. Dessa maneira poderão ver um progresso real e não se sentirem desencorajados. Finalmente, desejo a todos os aspirantes a escritores todo o sucesso. É um caminho duro e normalmente longo também, mas mantenham o sonho vivo e lembrem-se sempre que os sonhos podem tornar-se realidade



Muito obrigada, Tara Moore!

1 comentário:

  1. Adorei a dedicatória =) Parabéns pela entrevista *.* ela é super querida, fiquei rendidissima ahah

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