Esta
semana, e porque se aproxima a data da publicação de um novo livro, ficamos à
conversa com Cheryl Holt. Em breve temos a oportunidade de ler o livro “Entrega
Total” publicado pela Quinta Essência.
Antes
da entrevistas deixo-vos apenas alguns dados da autora retirado do site da
Wook.pt
Cheryl
Holt é advogada, romancista e uma mãe de família que vive em Los Angeles.
Formada
em Direito pela Faculdade de Wyoming, trabalhou num escritório de advogados e
no gabinete do promotor distrital em Denver antes de se dedicar exclusivamente
à escrita.
A
autora, considerada a rainha do romance sensual, foi distinguida com vários
prémios, designadamente o de Melhor Romancista do Ano, atribuído pela revista
Romantic Times Book Reviews. Noites de Paixão foi eleito top pick pela
publicação Romantic Times e esteve na lista dos livros mais vendidos do jornal
USA Today.
E
agora, deixo-vos então à conversa com…Cheryl Holt
1 –
Como e quando descobriu o seu amor pela escrita?
R:
Eu não diria que descobri o meu amor pela escrita. Sou advogada e tinha tido um
bebé. Depois do meu filho nascer assumi que iria voltar imediatamente a
trabalhar, mas acabei por voltar a ficar grávida muito rapidamente. Então
encontrei-me em casa com dois filhos e nos Estados Unidos fica muito caro
colocar um bebé numa creche. O custo de duas crianças seria igual a ter uma
segunda renda de casa, então não podíamos colocar os dois.
Então
decidi ficar em casa com eles, mas precisava de encontrar algo para restituir o
dinheiro que perdi ao abandonar o mundo laboral. Não havia muitas opções para a
mulher trabalhar a partir de casa, mas também não me via a vender cosméticos ou
sabonetes a partir de casa, e eu era uma dessas pessoas que sempre quis
escrever um livro.
Quando
comecei a escrever era como um negócio em casa, onde eu podia trabalhar em
casa, ganhar algum dinheiro, mas ter um horário livre em que eu podia levar os
meus filhos á escola ou ao treino de futebol. Foi um bom arranjo para mim e
para a minha família, mas financeiramente foi complicado. Tem sido difícil – ao
longo do tempo – viver como artista. Financeiramente, tenho bons e maus anos, acabamos
por nunca saber como quais serão os ganhos a longo prazo. Apesar de, em
contrapartida, estar sempre em casa com os meus filhos. Eles estão sempre muito
ocupados e activos e como posso criar a minha própria agenda, estou sempre disponível
para ir ver os teatros da escola ou os jogos de softball.
2 –
É difícil escrever um livro?
R: No
início, quando estava a tentar descobrir como escrever romances, foi mesmo
muito difícil e stressante. Mas á medida que os anos foram passando foi-se
tornando mais fácil. Já escrevo romances há 15 anos e o meu 33º livro foi
publicado. Estava a escrever o meu 15º manuscrito quando me apercebi que já não
era difícil, nem stressante. Escrever é uma arte e uma pessoa vai aprendendo
com a prática – da mesma maneira que se aprende a ser um grande pianista. O
processo é o mesmo. Apesar disso, não direi que escrever romances é fácil.
Nunca é fácil; É algo trabalhoso e demorado. Mas agora já consigo escrever
muito mais depressa e os meus personagens são melhores, os argumentos mais
complexos, os meus diálogos são mais divertidos e interessantes. Mas eu tenho
praticado durante muito tempo, então tenho-me tornando melhor em tudo isso.
R:
Quando comecei a escrever romances eu não sabia nada sobre livros ou sobre a indústria
literária. Simplesmente pensei: “Vou escrever um livro e vendê-lo a uma editora
de Nova Iorque. Não deve ser difícil.”. O que aprendi com os anos é que é muito
difícil escrever um livro – especialmente um que seja bem escrito a apelativo –
e é ainda mais difícil encontrar uma editora interessada. Essa foi mesmo uma das
partes difíceis. A venda do manuscrito foi então mais difícil do que escrevê-lo.
Quando
eu era uma autora nova, comprei vários livros que nos ensina como vender um
livro e fornecia nomes e moradas de empresas m Nova Iorque que publicavam
livros. Então comecei a mandar o manuscrito para agentes e editoras. Foram
precisos quatro anos e sete manuscritos completos antes de a minha escrita ser
suficiente boa para conseguir vender um deles.
4 –
Como se sentiu quando publicou os seus livros em outro país pela primeira vez?
R: O
meu primeiro livro a ser traduzido para uma língua estrangeiro foi um dos meus
primeiros romances “Mountain Dreams”. Era um pequeno livro, foi traduzido para
dinamarquês e impresso em algumas revistas de romances. Foi muito divertido e
excitante aperceber-me que outras pessoas, de outros países, podiam ler o que
eu escrevi. Hoje em dia, os meus livros já foram traduzidos em 26 línguas
diferentes.
5 –
Tem algum episódio particularmente divertido com algum fã?
R:
Uma vez recebi uma carta de um fã, era um soldado Americano que estava no
Iraque. Ele era um leitor ávido e comprava todos os livros que havia na
mercearia da base militar onde estava. No início de cada mês, quando novos
livros eram colocados na banca, ele lia rapidamente todos os livros para
homens, e então quando não havia mais nada lia tudo o resto. Então, frustrado,
começou a comprar também os romances que lá havia e ficou surpreendido por
descobrir que ele também gostava muito daqueles livros. Ele tornou-se um grande
fã de romances e o leitor ávido desse tipo de livros, mas ele considerava-se um
homem muito macho e não queria que ninguém soubesse o seu segredo.
6 –
Em que se baseia para construir os seus personagens e os sítios onde as histórias
se desenrolam?
R:
Quando comecei a minha carreira tentei escrever romances policiais e suspense.
Sou advogada e tinha trabalhado como Promotora Criminal, então queria escrever histórias
acerca de polícias e criminosos, mas nunca consegui vender nenhum desses
manuscritos. Então tentei escrever romances, porque nessa altura as editoras de
romances compraram muitos manuscritos de mulheres profissionais, como eu própria,
que estavam em casa para tomar conta dos seus filhos.
O período
de tempo mais popular para romances é a Regência Inglesa, que se passa durante
os primeiros anos de 1800. Não sei a razão, mas é a época preferida dos
leitores. Todos aqueles Condes e Duques são tão deliciosos! O meu alvo
escolhido foi então o Período da Regência e foi com ele que consegui vender os
meus primeiros romances. Devido à maneira como a indústria de publicação
nova-iorquina está estruturada, assim que comecei a escrever acerca desse período,
tive de me manter assim e continuar a escrever livro atrás de livros para as audiências
que gostavam dessa era. Foi uma decisão baseada nas vendas e naquilo que os
leitores mais gostavam de ler
7 –
Tem algum ritual que a ajuda a concentrar antes de começar a escrever?
R:
Não tenho nenhum ritual, mas estou sempre extremamente preparada antes de
começar a escrever. Tenho o enredo elaborado até ao mais ínfimo detalhe. Tenho
os capítulos bloqueados e os personagens dissecados para que possa compreender
toda e qualquer motivação deles. Não deixo nada ao acaso. Quando começo a
escrever, sei aquilo que preciso de escrever em cada página.
Também,
na noite antes de começar a escrever um novo livro, sento-me com o meu calendário
e começo a fazer uma planificação. Assim, não só sei o que vou escrever, mas também
quando o irei fazer. No dia que começo a escrever o livro, posso dizer com
exactidão em que dia o irei terminar.
8 –
O que acha das capas portuguesas dos seus livros?
R:
Eu achei que toda a produção do meu livro “Further than Passion”, em português “Noites
de Paixão”, foi espectacular. Foi publicado pela editora portuguesa Quinta Essência
e penso que foi o mais bonito trabalho produzido que alguma vez vi. A capa é
tão adorável, que quando a vemos, ficamos automaticamente com vontade de o ler.
É simplesmente a capa mais bonita e o livro mais bonito.
9 –
Um dos seus livros vai ser publicado em Portugal durante este mês de Agosto, “Entrega
Total” no original “Total Surrender”. O que podemos esperar desta história?
R: “Entrega
Total” foi escrito no início da minha carreira. Foi publicado nos Estados
Unidos em 2002. Na verdade, apesar de não fazer parte de uma serie, este é o
livro “companheiro” de um dos mais aclamados dos meus livros pela crítica, “Love
Lessons”. Muitos dos meus fans dizem que o seu livro favorito é “Love Lessons”
Os
dois livros contam a história dos irmãos Stevens. A mãe deles é uma famosa actriz
de Londres e o pai um Conde – mas devido a restrições da sociedade, os dois
nunca tiveram hipótese de se casar. Os dois irmãos são os donos do clube de
jogo mais famoso de Londres.
Quando
comecei com o género de romance, comecei a escrever romances históricos. Mas o
mercado erótico começou a crescer no interesse dos leitores e acabei por trocar
para esse género, então comecei a escrever livros mais quentes do que aqueles
que escrevia que eram puramente históricos. “Love Lessons” foi o meu primeiro
livro erótico e “Entrega Total” foi o meu segundo. Ganhei o meu primeiro premio
nacional com “Entrega total”, quando foi escolhido pela Romantic Times Magazine
como “O Melhor Romance Sensual do Ano”. Foi também graças a ele que ganhei o
tipo, que me tem acalentado ao longo dos anos, de “Rainha do Romance Erótico”.
10 –
Tem alguma mensagem especial para os seus leitores portugueses?
R:
Estou muito feliz pelos meus livros serem publicados em Portugal e que os
leitores possam agora desfrutar dos meus livros em português. Eu espero, eventualmente,
que todos os meus livros sejam publicados na vossa maravilhosa língua para que
possam apreciar cada deliciosa palavra de todos os divertidos e formidáveis
livros.
11 –
Tem alguns conselhos para aqueles que querem seguir uma carreira como autor?
R: Para
eles tenho alguns pequenos conselhos:
**É
muito difícil de escrever um romance e leva anos para aprender como o fazer
bem. Apenas poderão aprender a fazê-lo escrevendo e escrevendo e escrevendo.
Não há outra maneira de o fazer. Têm de o praticar a todo o instante.
**De
forma a tornarem-se em grandes escritores, têm de se tornar em leitores ávidos.
Têm de estar constantemente a ler, a todo o instante. Devem ter sempre um livro
na vossa mão, estejam sentados num comboio ou na fila da caixa do supermercado,
ou à espera que os vossos filhos terminem a lição de natação. Devem ler tudo
aquilo que vos interessa, senão lerem a todo o momento, nunca irão aprender o
que realmente está a vender e também nunca se tornaram grandes escritores.
**Juntem-se
a grupos de escrita.
**Leiam
acerca da indústria. Aprendam tudo aquilo que conseguirem. Aqui nos Estados
Unidos, a indústria literária implodiu devido á má economia, então tudo muda
muito rapidamente. Quando pensamos que sabemos tudo durante este mês, no próximo
já estará tudo errado. Leiam, falem com outros autores, peçam conselhos,
descubram-se. Se um editor vos descobrir entretanto, querem que ele perceba que
vocês sabem o que estão a fazer.
**
Nos Estados Unidos, com a explosão das novas tecnologias como o Kindle ou o
Nook, há novos caminhos para que os escritores consigam chegar com o seu
trabalho aos seus leitores. A indústria está a mudar tão rapidamente que é difícil
para os escritores se manterem actualizados com todas estas mudanças.
Mas
o problema para os escritores mantem-se o mesmo quando a nossa única chance era
os livros impressos. Temos de começar com uma história incrível e terminar com
um incrível final e, temos que descobrir formas dos leitores nos descobrirem e
observar aquilo que fazemos. Como se consegue fazer com que comprem o vosso
livro em vez do livro de outra pessoa? O Amazon tem cerca de 2 milhões de
livros para Kindle. Como alguém consegue encontrar-vos?
Faço
constantemente essa pergunta a mim própria, mas é a mesma pergunta que fazia
antes quando escrevia livros que seriam impressos. Temos que aprender a fazer publicidade
de nós mesmos e o marketing demora mais tempo do que escrever um livro, quando
precisamos de nos focar na escrita. A boa notícia é que os e-books estão a
florescer, há muitas, muitas pessoas a começar novos negócios que vos poderão
ajudar com as capas dos livros, com a edição e o marketing dos mesmos. Encontrem
pessoas que vos possam ajudar. Contratem-nas. Usem-nas para que possam vencer.
Agradeço
à autora Cheryl Holt que tão gentilmente aceitou o meu convite e se mostrou disponível para esta
entrevista.
Um
muito obrigado e a todos que leram, espero que tenham gostado.
Muitos parabéns pela entrevista, uma excelente referência para leitores, críticos e futuros escritores.
ResponderEliminarAdorei a entrevista ;) certamente, uma inspiração para leitores, aspirantes a escritores e a bloggers
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